Ganho asas
- o meu mundo e o teu
- 26 de out. de 2017
- 2 min de leitura
Boa tarde, meus caros senhores e senhoras. Hoje, decidi-me a partilhar um dos meus poemas convosco. Este poema foi escrito por mim e tem como título Ganho Asas e retrata o século catorze, o tempo da peste negra e das guerras, na perspectiva de um monge cristão que que ajudar os mais necessitados. Vou então mostrar-vos, espero que gostem!:
Ganho asas…

À janela,
Com expressão séria,
Ar pensativo,
Encontro-me encostado ao parapeito.
Através da abertura que me permite a janela,
Vejo os grandes prados que rodeiam a igreja…
Mas não é exactamente os prados que vejo
Senão imagens que me passam à frente dos olhos
Das minhas recordações.
E as imagens que me passam pelos olhos transportam
Doenças, sofrimento e dor…
E tudo isso causado pelas fomes, guerras e epidemias…
Ainda ouço os gritos de dor, agonia
Os lamentos sofridos,
De quando eu passei pela aldeia para dar missa.
Nesta igreja, todos estamos protegidos
Como se estivéssemos em redomas de vidro
Como se nos estivessem a esconder a realidade.
E nós, cabeça baixa, sem palavra alguma dizer,
Limitamo-nos a passar textos à mão
E todo o dia a rezar.
Mas basta! Eu sei que há um mundo para além daquele que eles querem que eu veja.
Sei que há para além de textos para passar
E orações “insentidas”.
Sei que existem pessoas a precisar de mim!
Sei que existem pessoas a morrer
De fome, de guerras… de epidemias como a peste negra!
Ah…! Já tentei falar com Augusto, o prior
Mas ele não me quer ouvir.
Limita-se a dizer que já está farto de ouvir as minhas barbaridades.
Augusto está cego!... E os outros também…
Não entendem que temos de ajudar os outros
Mesmo sendo eles de posição mais baixa que a nossa.
Eu tenho de fazer alguma coisa!
Eu tenho!
Não posso ficar de braços cruzados
Enquanto vejo outro ser
A viver
Em sofrimento.
Quer se dizer, não era isso que a fé cristã nos proclamava?!
Ajudar o próximo!
Amar o próximo!... Como a nós mesmos.
Não era isso que dizia o próprio nosso senhor, Jesus Cristo?!
Amar o próximo, cuidar do outro,
É o que nós, monges; padres, devemos fazer.
Temos como dever… fazê-lo!
Então, o que é isto?
O que vejo?
Devíamos deixar de nos importar
Com as riquezas e a expansão da fé cristã por todo o mundo
Como o clero, (ao qual faço parte), se importa.
A fé cristã não é viver rodeado de riquezas e luxo!
A fé cristã é servir a Deus!
Santo céu, já estamos no século catorze!
Já não devíamos pensar só em nós,
No “eu, eu, eu, eu…”!
Agora, que ainda estão mais difíceis os tempos deste século,
Devíamos juntar-nos e cuidar uns dos outros…
Pedi conselho a Deus
O dia todo, rezei
E Deus, comunicando-se comigo pelo meu coração,
Aconselhou-me que tinha de ir.
E é isso que farei.
Seguirei os conselhos de Deus!
Ajudarei os que passam fome, os que vêm feridos da guerra e os que desfalecem com epidemias.
E será esta noite que partirei para os ajudar!
Nem mais um dia, nem mais uma noite.
Será esta noite, a noite em que sairei do meu conforto para me entregar de corpo e
alma aos outros.
Esta noite, ganho asas
Asas para a liberdade!
E libertá-los-ei da dor!!
Bom, espero que tenham gostado do poema tanto como eu gostei de o escrever.
Beijinhos e até à próxima!
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